OBESIDADE, DIABETES E HIPERTENSÃO: A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO, CUIDADO E TRATAMENTO.

Obesidade

Com a ideia de promover a saúde e a qualidade de vida em um momento de reflexão e cuidado com o próximo e nós mesmos, vamos discutir sobre Obesidade, Diabetes e Hipertensão Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) que representam um grave problema de saúde pública.

Serão discutidos aqui: definições, fatores de risco e de causa dessas doenças, ressaltando a importância da alimentação e realização de atividade física nesse contexto.

A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo de energia na alimentação, superior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do dia-a-dia. Ou seja: a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente (BRASIL, 2009).

De acordo com a Organização Mundial da saúde um indivíduo adulto saudável deve consumir entre 2000 mil a 2400 calorias por dia, apesar desses valores serem uma boa referência, o ideal é que o cálculo seja feito por profissional responsável levando em consideração as necessidades energéticas de cada individuo.

Com relação a obesidade, sendo mais específico podemos dizer que a obesidade é determinada pelo Índice de Massa Corporal (IMC) que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros). O resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado (BRASIL, 2009).

Cálculo do IMC

    • IMC= peso (Kg)/[altura (m) x altura (m)];

    • Marcelo tem 80 kg e altura de 1,60 m;

    • 1,60 x 160= 2,56;

    • IMC= 80/2,56= 31,25.

Classificação do IMC

    • Valores menores que 18,5  o indivíduo está Abaixo do Peso;

    • Valores entre 18,5 e 24,9 Peso Normal;

    • Entre 25 e 29,9 Sobre Peso;

    • Valores igual ou acima de 30 indicam Obesidade.

Comparando o resultado obtido com o cálculo do IMC de Marcelo aos valore de classificação do IMC, vemos que Marcelo está obeso, importante observar que apesar de amplamente utilizado este método possui algumas limitações e necessita de uma avalição mais criteriosa por parte de profissional da área para uma avaliação precisa.

De acordo com (PEPE et al. 2022) a obesidade é uma doença crônica, progressiva, com causas multifatoriais associadas principalmente a estilo de vida (sedentarismo, hábitos alimentares inadequados) e também a outras condições, como fatores genéticos, hereditários, psicológicos, culturais e étnicos. O tratamento é complexo, de longo prazo, e envolve mudança de estilo de vida, com ênfase no tratamento nutricional, prática de atividade física, intervenções psicológicas, tratamento medicamentoso ou cirúrgico. 

Fatores Causais

    • Genética: predisposição individual pode influenciar o metabolismo.

    • Hábitos: alimentação inadequada e sedentarismo contribuem para o desenvolvimento da obesidade.

    • Fatores psicológicos: estresse, ansiedade e depressão podem influenciar o comportamento alimentar.

    • Desigualdade social: acesso limitado a alimentos saudáveis e ambientes seguros para prática de atividade física.

    • Influência cultural: padrões estéticos irreais e hábitos alimentares pouco saudáveis.

    • Marketing e publicidade: promoção excessiva de alimentos processados, ultraprocessados e (hiperpalatáveis).

    • Custo elevado de alimentos saudáveis.

A obesidade não se resume à falta de força de vontade ou disciplina individual. Essa visão simplista ignora a complexa teia de fatores que influenciam o peso corporal. Culpar o indivíduo por sua condição é ineficaz e prejudicial, perpetuando o estigma e dificultando a busca por ajuda profissional, para combatermos a obesidade de forma eficaz, é necessário considerar e abordar todos os fatores envolvidos.

Para termos ideia da gravidade do problema é mencionado em Brasil (2023) que entre os anos  de 2003 e 2019 o número de casos de obesidade com pessoas a partir de 20 anos de idade passou de 12,2% para 26,8%, enquanto os casos de excesso de peso atingiram 60,3% da população com 18 anos ou mais em 2019 cerca de 96 milhões de pessoas, destes 52,5% eram mulheres e 47,5% homens.

Ainda conforme Pepe et al. (2022) a obesidade pode ser associada a diversas comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia e diabetes mellitus tipo 2 (DM2), que elevam o risco de doenças cardiovasculares, estando entre as principais causas de morte no mundo, cabe ressaltar que a redução de apenas 5% no peso corporal, traz inúmeros benefícios para o metabolismo além de diminuir drasticamente as chances de problemas cardíacos.

Hipertensão Arterial

A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.  A pressão alta é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca (BRASIL, 2024). 

No Brasil, 388 pessoas morrem por dia por hipertensão (BRASIL, 2024b).

Fatores de risco

    • Fumo;

    • Consumo de bebidas alcoólicas;

    • Obesidade;

    • Estresse;

    • Elevado consumo de sal;

    • Níveis altos de colesterol;

    • Falta de atividade física.

Diabetes

Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose(açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo. O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte (BRASIL, 2024a).

TIPO1: Sabe-se que, via de regra, é uma doença crônica não transmissível, hereditária, que concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar (BRASIL, 2024a).

TIPO2: O diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. Está diretamente relacionada ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados (BRASIL, 2024a). 

PRÉ-DIABETES: É quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não estão elevados o suficiente para caracterizar um Diabetes Tipo 1 ou Tipo 2. É um sinal de alerta do corpo, que normalmente aparece em obesos, hipertensos e/ou pessoas com alterações nos lipídios (BRASIL, 2024).

DIABETES GESTACIONAL: Ocorre temporariamente durante a gravidez. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2 (BRASIL, 2024). 

Sintomas Frequentes

Tipo: 1

    • Fome frequente;

    • Sede constante;

    • Vontade de urinar diversas vezes ao dia;

    • Perda de peso;

    • Fraqueza;

    • Fadiga;

    • Mudanças de humor;

    • Náusea e vômito.

Tipo: 2

    • Fome frequente;

    • Sede constante;

    • Formigamento nos pés e mãos;

    • vontade de urinar diversas vezes;

    • Infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele;

    • Feridas que demoram para cicatrizar;

    • Visão embaçada.

Fatores de Risco

    • Diagnóstico de pré-diabetes;

    • Pressão alta;

    • Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue;

    • Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura;

    • Pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes;

    • Doenças renais crônicas;

    • Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg;

    • Diabetes gestacional;

    • Síndrome de ovários policísticos;

    • Diagnóstico de distúrbios psiquiátricos - esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar;

    • Apneia do sono;

    • Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides;

    • Estilo de vida “saudável”.

Podemos ver em (Nilson et al. 2020) que a prevalência da hipertensão arterial e diabetes cresce gradualmente na população adulta do país, variando de 6,6% a 9,4% para diabetes e chegando a 32,3% para hipertensão arterial. Para se ter ideia do impacto em 2018 os custos totais do Sistema Único de Saúde (sus) com  a hipertensão, diabetes e obesidade alcançaram 3,45 bilhões de reais.

E agora, o que podemos fazer?

Atividade Física (BRASIL, 2021)

Tenha em mente que fazer qualquer atividade física, no tempo e lugar em que for possível, é melhor que não fazer nada. Praticar atividade física, é importante para a sua vida. Mesmo ao praticar um pouco de atividade física, você pode obter benefícios para a sua saúde.

Todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício físico. Ou seja, o exercício físico é um tipo de atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem o objetivo de melhorar ou manter as capacidades físicas e o peso adequado.

Capacidades Físicas (BRASIL, 2021)

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: é a capacidade que ajuda você a se deslocar ou fazer as atividades do seu dia adia sem ficar cansado.

FORÇA: é a capacidade que ajuda você a carregar as sacolas do supermercado ou algum objeto.

FLEXIBILIDADE: é a capacidade que ajuda você a se vestir ou agachar para pegar algum objeto no chão sem dificuldades.

EQUILÍBRIO: é a capacidade que ajuda você a manter a sua postura e sustentar o seu corpo.

Benefícios (BRASIL, 2021)

    • Promove o seu desenvolvimento humano e bem-estar, ajudando a desfrutar de uma vida plena com melhor qualidade;

    • Previne e diminui a mortalidade por diversas doenças crônicas, tais como pressão alta, diabetes (alto nível de açúcar no sangue), doenças do coração e alguns tipos de câncer (como mama, estômago e intestino);

    • Ajuda a controlar o seu peso, melhorando não apenas a saúde, mas também a relação com seu corpo;

    • Diminui os sintomas da asma;

    • Diminui o uso de medicamentos em geral;

    • Diminui o estresse e sintomas de ansiedade e depressão;

    • Melhora o seu sono;

    • Promove prazer, relaxamento, divertimento e disposição;

    • Ajuda na inclusão social, e na criação e fortalecimento de laços sociais, vínculos e solidariedade;

    • Resgata e mantém vivos diversos aspectos da cultura local.

Recomendação

Atividade Física Para Adultos (BRASIL, 2021):

Atividades físicas moderadas: Devem ser praticadas, pelo menos, 150 minutos de atividade física por semana.

Atividades físicas vigorosas: Devem ser praticadas, pelo menos, 75 minutos de atividade física por semana.

Alimentação

Base de uma alimentação “saudável” deve estar no consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, bem como ter atenção no consumo de gorduras, sal e açúcar, utilizando-os em pequenas porções (SUDRÉ, RODRIGUES e OLIVEIRA, 2023). 

Alimentação (BRASIL, 2014)

1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.

2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias.

3. Limitar o consumo de alimentos processados.

4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados.

5. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia.

6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados.

7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias.

8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece.

9. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora.

10. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.

Obrigado!

Saiba mais em:

Guia Alimentar para a População Brasileira;

Guia de Atividade Física para a População Brasileira;

ABESO Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica.

Dúvidas, críticas e sugestões contato: educksaude@gmail.com 

Referências